terça-feira, 16 de agosto de 2011

Diálogo matinal

Mãe:_Ihh, acordou azeda hoje! 
Eu: _ Não. Acordei insípida mesmo.                                                                                                                        












segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Poema de última hora


Quando nos via na rua
Era nua
Até de reflexo no chão.
Sua alma tão clara,
Tão rara,
Tão cheia de si,
Até minha sombra roubara de mim.

domingo, 31 de julho de 2011

Aviso aos navegantes... de segunda viagem.

Como primeiro conselho que darei aqui será “seja discreto (a)”, já estou me contradizendo logo de início. É que de fato esse blog nunca teve tema definido e como não anda tendo assim tantos leitores resolvi abrir mão de uma das minhas mais básicas condições para falar de um assunto que julgo privado, embora muitas pessoas já tenham conhecimento sobre ele.
Aos dezessete anos tive uma chamada crise de depressão maior. Depois desse episódio, outros três vieram e cá estou, vivendo, quiçá, o pior de todos eles.
Com isso tenho tido muito tempo para pensar. Talvez tenha roubado esse tempo de mim mesma, das “coisas que importam”, não sei. Só sei que penso o tempo todo e sobre quase tudo.
Essa é uma das vantagens de não ser estreante no fundo do poço. Quando por aqui nos vemos pela primeira vez, geralmente por questão de sobrevivência, nos vemos como centro do mundo. Nossas descobertas, nossas dores e nosso descompasso diante do mundo nos parece único. Somos únicos, isolados, sozinhos. Chega a dar pena.
É aí que escrevemos, relatamos, dividimos com quem que esteja mais próximo, a nossa genuína e peculiar dor. E depois de meses de terapias, mandingas, florais ou o que quer que seja nos sentimos enfim curados. Mais do que isso, nos sentimos vitoriosos e agradecidos pela oportunidade de passar por tamanha provação por entrar em contato com nosso eu mais profundo. Diante de tamanha dádiva, nos colocamos novamente a escrever, a relatar, na certeza de que outros enfermos se acalantarão com nosso triunfo sobre a dor.
Tudo o que acabo de escrever vivenciei na minha primeira crise e sim, ao sair da crise, me julgava sortuda por ter podido enfrentar a dor e dela ter saído para uma vida melhor. Coloquei-me a aconselhar, como se aquilo fosse um dever: “Vá e conta o que vistes”.
O que ninguém sabe nesse momento é que o poço continua ao lado, não importa o quanto andemos. Estudos recentes demonstram que todos aqueles que apresentam um episódio de depressão têm 50% de recaída durante a vida. Para quem já teve dois ou mais episódios, a taxa varia entre 80 e 90%, o que pode levar a depressão crônica, ou seja, que não pode ser curada.[1]
Quando a recaída acontece, além da frustração de estar de volta ao fundo do poço, percebemos que a doença não foi um presente dos deuses, nem uma oportunidade de reencontro com si mesmo. Percebemos também que a família, os amigos, namorados e afins já não encaram as crises de ansiedade, a tristeza e a choro constante com tanta paciência assim.
Então percebemos que não é possível ser um depressivo full time. Sair contando a torto e a direito que se tem uma doença psíquica não demonstrável em exames de sangue ou tomografias computadorizadas começa a parecer uma idéia não tão boa. Contar que se toma remédio controlado (se for tarja preta, então!!) se revela uma furada e tanto. Você começa a perceber que todo mundo tem um palpite, um remédio caseiro, um curandeiro ou religião a te indicar e tudo isso acompanhado de uma frase do tipo “tão novinha (o), tão bonitinha(o) e já com essas doenças?! Você precisa mesmo é sair mais, namorar, etc.
E já que não dá para chorar na fila do banco, no cabeleireiro, muito menos na frente dos colegas de trabalho, você acaba desenvolvendo máscaras. Sim, você chora e sofre (entre outras coisitas mais com dores no corpo, insônia, angustia, já que nem só de tristeza vive um depressivo e tristeza pura não é sinônimo de depressão). Mas você aprende que somente seu travesseiro te ouve sem preconceitos. O namorado tem paciência para, no máximo, uma crise por mês. Os pais já tem coisas demais para pensar e cuidar de filhos com quase trinta anos está fora de cogitação. Amigos, quando se tem, é melhor preservar antes que fujam.
O jeito é encarar que a depressão é uma doença extremamente estigmatizada e confundida com mau humor, preguiça, falta de força de vontade. Só nos resta encarar a doença como um problema íntimo e absolutamente solitário. A terapia e os remédios (que todo mundo abomina, por ignorância) são a única forma de lidar com o mínimo dignidade diante de algo que a maioria das pessoas encara como problema de gente fraca.
Desculpem pelo post nada animador, mas acreditem, estou por aqui há bastante tempo. e posso dizer por experiência própria que, como quase tudo na vida, a depressão se vence sozinho.


[1] Fonte: http://www.neurociencias.org.br/pt/544/depressao-2/, consultado em 15 de julho de 2011.

domingo, 24 de julho de 2011

Inveja da morte

O título pode parecer, e até é, um pouco mórbido, mas de fato hoje acordei com uma inveja danada da morte de Amy Winehouse. Li comentários satirizando o fato, o que me deixou chateada, e outros tantos lamentando pela perda de um inegável talento que se foi. Mas foi uma matéria do UOL que mais me chamou a atenção. Nela fazia-se um paralelo entre Amy, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Kurt Cobain, Jim Morrison e Brian Jones que morreram aos exatos 27 anos.

Meu primeiro pensamento foi: xi, meus 27 já se foram. O segundo foi: espera, mas e se eu tivesse morrido aos 27?

De fato devo admitir a inveja que sinto de quem, em tão poucos anos, conseguiu marcar seu nome no mundo. Não pela fama ou pelas notórias polêmicas, mas pelo talento. E se tem uma coisa para qual eu sempre me curvarei, essa coisa é o talento. Não importa o ramo, a arte faz de nós alguma coisa que vale a pena viver, além de meros animais. Pensamento, capacidade de transmissão de conhecimento, polegar indicador? Que nada. Mobilizar sentimentos através de palavras, gestos, figuras ou canções é o que me faz pensar que, apesar de tantas atrocidades, tanta barbárie, somos uma raça viável.

Morrer é fato dado. Cedo ou tarde ela vem. Mas depois de morrer poder continuar a emocionar pessoas é o que realmente faz de uma pessoa, um ser especial. O que ela foi, o que ela bebeu, a quem amou... o tempo apaga. A arte, o tempo eterniza.

Eu quero ir, minha gente, eu não sou daqui...

Sempre pensei que fosse próprio da adolescência_ e SÓ da adolescência_ essa sensação de não estar no lugar certo, ou de não se adaptar a lugar ou grupo algum.
Pois que a adolescência passou_, diga-se de passagem, que já há alguns anos_ e sinto que essa sensação não some, ao contrário, se solidifica. Vamos caminhando aqui e ali, ficando órfãos de famílias escolhidas e deixadas por circunstâncias diversas, vamos ficando viúvos (as) de amores e sem vários tantos tetos por onde passamos. Nos tornamos menos do que antes em alguns aspectos, como por exemplo, somos menos jovens, menos ingênuos, menos confiantes, via de regra, e somos mais em tantos outros... mas, principalmente, somos  tão mais estranhos a nós mesmos e aos outros do sempre fomos.
Talvez por que passe aquela fase infernal de viver em turmas que se arrasta por anos da nossa juventude (tá, eu tive a necessidade nem sempre suprida de ter uma turma. Ao longo do tempo encontrei várias pessoas que também não conseguiram cumprir o script direito e acabaram entre duas ou três outras criaturas estranhas no ensino médio, na faculdade, enfim, pela vida a fora e com as quais fui me juntando) nos tornamos mais solitários. Mas solidão é uma palavra que carrega tantos sentimentos consigo que gostaria de evitá-la por aqui.
É nessas horas que a Sociologia nos ilumina mais do que atordoa! Quando Norbert Elias fala dos outsiders, se refere a uma categoria de pessoas que não se enquadram à comunidade por serem estrangeiras nela em algum sentido. Pois eu, aqui na minha cachola fazedoura de teorias de botequim, criei uma outra teoria: alguns de nós são outsiders onde quer que vão.
Vira e mexe me pego lendo um blog ou ouvindo um relato que contribui para este pensamento. Outro dia, um desses amigos mais insanos me apresentou a teoria de que os homens estão sempre buscando o útero materno, daí sua busca insana por orifícios que os leve até lá. (especialistas de plantão que perdoem a minha ignorância por citar grossamente alguma teoria que pode ser mais séria, mas é que o amigo em questão não estava num estágio etílico muito confiável!), Mas e nós mulheres?? Onde anda nosso “lá”? Onde enfim está o lar, doce lar, onde tudo é conforto e satisfação?
Respostas eu não tenho. Só sei que eu se eu puder encontrar meu lugar no mundo e ainda tiver direito a mais algum privilégio estejam certos de que quero ver Irene rir, quero ver Irene dar sua risada.                                  

Morando com a mãe aos (quase) 30!


Esclarecendo às possíveis dúvidas dos leitores ainda inexistentes, eu moro com a minha mãe por um simples fator: falta. Falta de dinheiro, principalmente, falta de coragem de aturar a chantagem emocional por ser o último ente a deixar o ninho. “E se eu passar mal? “E se entrar ladrão em casa?” “Ai como é duro envelhecer sozinha depois de tantos anos depuro desapego e dedicação!”...
Bom, todos conhecem esse tipo de discurso. Pelo menos todos aqueles que tiveram mãe até o tempo de se lembrarem de suas sábias e manipuladoras palavras. Pois bem, fraca de vontade própria (e de salário) que sou, depois da faculdade, do mestrado e do diabo a quatro, cá estou.
Acontece que existem coisas que poucas pessoas ousam dizer. Eu, com minha virtuosa coragem, decidi abrir o verbo. Homens que moram com as mães, seja aos 30, aos 40, aos 50 podem até perdem em privacidade, em liberdade, mas por certo ganham em outros aspectos. São mimados, filhinhos da mamãe mesmo. Têm roupa lavada, cama feita, comida na hora e tudo isso com sorriso nos lábios da santa progenitora.
Já as moçoilas encontram outras, digamos, circunstâncias. Além da liberdade, da privacidade, como os homens, elas não tem assim, os mesmos privilégios. A cama pode até estar feita e a comida pronta na hora certa, mas minha cara esteja certa de que a conta virá. Virá em forma de indiretas, diretas, mau humor repentino e injustificado, mas ela virá.
Sei lá eu se Freud explica (nunca comprei muito o complexo de Electra), mas o fato é que aquela competiçãozinha velada existe. Quando dividimos a casa com uma estranha isso pode até ser resolvido com horas de D.R. Mas com mãe, D.R vira drama, cobrança pelos nove meses de peso carregado, mais não sei quantos de noites de sono perdido e até mesmo daquele vestido que ela lavou na semana passada. Sei que quando chegar minha vez_ e ela há de chegar_ vou fazer igualzinho, mas por hora, enquanto os movimentos pela melhoria dos salários dos professores não melhorar, só me basta reclamar.
PS: Nunca peça aquela poltrona que ninguém usa na sala-de-estar emprestada para colocar no quarto do computador e poder trabalhar/assistir filmes mais confortável emprestada. Ela emprestará, mas seu domingo estará definitivamente perdido.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Do que me trato

Sempre que começamos a escrever qualquer tipo de publicação é bom deixar claro de que tipo de texto estaremos tratando. Se você, caro leitor que eu nem sei se existirá, estiver procurando por um blog cômico, acho melhor tentar o próximo. Mas também não espere dramas. Não faço (mais) poesias, nem críticas literárias. Não entendo nada de música, moda, mundo das celebridades ou esportes em geral. Não chego a me considerar geek o suficiente para dar conselhos sobre novos jogos e coisas afins.
É claro que falarei aqui de relacionamentos, simplesmente por que não existe nenhum tipo de assunto que não passe por eles. Nos relacionamos com o mundo, com a pessoas e com as coisas desde que abrimos os olhos. Bom, acho que é disso que eu trato: do mundo, das coisas, de mim e até quem sabe dos outros.
Na geração look at me não resisti e resolvi que queria também uma parcelinha de olhares, não sobre mim (cruzes!!), mas sobre o que eu vejo e sobre o que eu penso. Acho que estou aqui para rir da minha própria atitude blasé diante das vitrines da vida e dizer: ei, de repente, caso não tenha nada melhor para ler... estou aqui.